terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Uma carta de despedida

Não sou do tipo de gosta de adeus, mas vou aproveitar a nostalgia que me causa o final de um ano e me despedir de alguns fardos. Qual melhor maneira que escrevendo?
Preciso me despedir desse ano, que realmente não foi lá essas coisas. Houveram quatro grandes progressos, que espero levá-los comigo de 2014 em diante. E no demais, apenas me despeço da monotonia, das tristezas, do cansaço, das promessas não cumpridas e dos dias vazios. Também quero dar um tchauzinho para a dor, para as mágoas, medos, angustias e todos os pesos que foram colocados sobre meus ombros.
Já sei que quem pode fazer o ano diferente sou eu, e se quando chegar maio ou setembro eu quiser mudar de novo e começar de novo, vou ter liberdade pra isso.
Liberdade. Quero começar 2014 tendo liberdade. Liberdade de novas escolhas, de novos pensamentos, de levantar e agir sem me prender aos velhos hábitos. Essa é a resolução de ano novo mais difícil de realizar. Não quero colocar na lista de planos "ser mais responsável e organizada", pois essa é uma necessidade que ainda não desejo. Contudo, sei que no tempo certo tudo isso virá a acontecer, já aprendi a não forçar um desenvolvimento fora de tempo.
Vou colocar no topo da lista e talvez como único item: ESTAR MAIS PERTO DE DEUS.
Sei que quando estou mais perto do Papai, todas as coisas na minha vida dão certo, a alegria invade, a paz toma conta e os sorrisos nunca somem. Então resolvo hoje, que o plano é este, e assim garanto um ano muito mais que bom.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

e aí?

Difícil é permanecer intensa em um lugar onde todos esperam que eu seja um robô que apenas cumpre ordens e reproduz o que já foi estabelecido.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

RE-começar

Algumas coisas nunca morrem. E o meu desejo de escrever é uma delas.
A montanha russa que chamamos que vida, nos surpreende todos os dias, com desafios e presentes.
Ao longo do caminho encontramos tantas surpresas que com algumas mal sabemos lidar.
Mas se não fosse assim, não teria graça, não é mesmo?
Algumas surpresas nos deixam eufóricos e outras nos silenciam.
Ultimamente elas me silenciaram. Até que vieram outras, que trouxeram a euforia.
Depois o equilíbrio necessário pra recomeçar.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Coração Gelado

A partir de agora vou dedicar minha vida a cuidar de cachorros, ler livros, assistir filmes e tomar café. Investir nas pessoas só da prejuízo.

— Gabriel Oliveira.  
A primeira vez que li, achei tão interessante que dei um like. Depois, li de novo e desisti de gostar, pois não concordo. Apesar de gostar muito de animais, gosto muito mais do ser humano. Com todas as suas complicações, complexidades e erros conscientes, são preciosos demais. Meu cachorro é um mimo e me ensina grandes lições. Quando me vê, pula desesperadamente, seu coração descompassado quase sai pela boca entre os latidos, ele abraça minhas pernas com as patinhas e eu estou com frequência cheia de arranhões e mordidas. Sim, o amor dói. O amor do meu cachorro me causa alguns ferimentos, mas ainda assim é amor. O amor de alguns seres humanos já me feriram bem mais... Então abro um grande sorriso e enquanto brinco com ele começo a refletir sobre como aquela coisinha pequena depende de mim e me perco ao perceber que com a correria cotidiana não tenho tempo para ele, contudo me reencontro ao perceber que um dia vivi a mesma experiência. Tão pequena e dependente de um ser humano que muitas vezes não tinha tempo pra mim, minha heroína estrava preparando meu futuro... O amor humano me encanta.
O amor humano me encanta tanto quanto os livros. Ahhhh - os livros, tão apaixonantes, com seu poder extraordinário de nos levar a outra dimensão, construir estruturas internas novas e grandiosas. Aquele cheiro das páginas tão viciante quanto cafeína. Diga-se de passagem, fazem uma dupla e tanto: um bom livro e uma xícara de café, são companhia valiosa. Porém ainda não os deixo substituir uma pessoa... Cheia de suas aventuras, seus dramas e sonhos, risos e lágrimas. Há pessoas que são verdadeiros livros a serem lidos e nos cativam tanto quanto as melhores obras literárias, e nos viciam de tal forma que se tornam a causa das insônias tal como três litros de café de madrugada. E vivemos scripts Hollywoodianos, cada segundo é épico e você se encontra in love. Seja por atração física ou por conexão mental... O tempo passa, o encanto acaba e mais uma vez você se decepciona, com pessoas, com atitudes, com conflitos existenciais e de repente, volta a desejar os cachorros, os livros, filmes e cafés.
Quando investimos em alguém, os prejuízos vêm. E em alguns momentos, vêm com toda a força e te empurram de um penhasco e você fica lá tentando juntar os pedaços, só que o mundo não pára pra você se concertar.
Bem vindo ao que chamamos que auge, ponto exato de ser quem você precisará ser um dia. Se você não estiver disposto a sofrer todas as dores causadas pelos humanos egoístas, frágeis, que não sabem ser leais e sempre acabam falhando... Você nunca estará pronto para ser diferente dessa raça que desprezou, pois somos condicionados a repetir os comportamentos que nos afetam. Você desiste de sofrer prejuízos causados por um dia ter investido nos humanos, esquecendo que os melhores investimentos, um dia foram considerados falidos.
Não há momento em que não estejamos em risco de sermos feridos pelas decepções. Mas é justamente o sofrer que nos faz ser fortes. E se investirmos nos seres humanos poderemos lapidá-los e com cuidado, descobrir diamantes onde antes tudo parecia carvão. Sem medo e sem receios, aprenda a investir em pessoas! Elas são muito preciosas e o que você faz por alguém pode construir pontes destruídas por aqueles que já foram feridos um dia. Esteja disposto a ser fiel aos seus sentimentos em um mundo de covardes insanos.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Liberdade, compreendendo um pouco mais

Liberdade tem mais a ver com o que você pode escolher não fazer, do que com o poder fazer tudo que você quer. Ser livre de verdade, é não ser escravo nem de si mesmo.


Somos presos a quase tudo. Horários, compromissos, pessoas, ideias, regras, limites... Temos a obrigação intrínseca de dominar nossos planos e seguir a risca o projeto inicial para chegarmos na linha final em primeiro lugar. Para isso, estudamos e somos presos aos conteúdos, aos professores, aos colegas. Trabalhamos e somos presos aos chefes, empresas, horários. Temos família e somos presos ao compromisso, ao outro. Presos por laços afetivos, ou por nós intelectuais. E somos presos a tudo a todos, até a nós mesmos. Aos nossos gostos, sonhos, manias. 
Já não satisfeitos com o que nosso ambiente nos impõem, nós mesmos nos impomos metas e objetivos para sermos o que queremos ser. Ou será que é o que os outros querem que sejamos?
Vamos concordar que a maior parte das cosias que julgamos necessárias hoje, não passam de uma demanda criada pelo mundo para nos obrigar a contribuir com o capitalismo.
Não me julguem hipócrita, pois não tenho rompido com essa regra e vivido de uma maneira roots. Contudo sei que essa é uma realidade que encaramos. (Como a poluição: todos sabemos que nos faz mal, mas não desistimos de andar de carro!) 
Prosseguindo... Não quero falar da visão fantasiosa de um mundo ideal, onde viveríamos em um paraíso sem nenhuma obrigação chata. Quero falar de liberdade interior. Daquela sensação de leveza que nos toma quando temos a experiência de conseguir sem livre ainda com todos os atributos acima comentados. Quando conseguimos ser livres de nós mesmos.
Ser livre de si mesmo, consiste em viver não sendo escravo de uma consciência que acusa, de uma mente flutuante em um futuro incerto, de um pensamento repressivo, de sentimentos pré estabelecidos, nem de um corpo dominante sobre a alma. 
Se você não é uma máquina, cuide mais do seu interior. Seu corpo é só uma casa onde você mora, ele não pode controlar você!
Sua mente não pode estar presa nem no passado que te oprime em nostalgia, nem no futuro que te engana em ilusões. Sua mente tem que estar no agora, vivendo o hoje com intensidade e sabedoria, para evitar arrependimentos - tanto pelo que foi feito, quanto pelo que não foi.
Seus pensamentos precisam ser equilibrados. Se forem em excesso você pira, mas se for ao contrário você não acompanha o fluxo e acaba ficando pra trás. Equilíbrio é o segredo!
Seus sentimentos muitas vezes precisarão ser re-significados. Aqueles ruins, sabe? Troque por bons, anule se for preciso, mas não cultive feridas que te tornarão uma pessoa amarga.
Seja livre do peso que você mesmo colocou sobre seus ombros e aprenda a se amar, a se perdoar, a se entender. Procure um psicólogo e se conheça! (aqui temos dois [risos]).
Converse com você mesmo. Se permita passar por louco de vez em quando. Isso é saudável, isso faz bem.
Seja forte, mas não de ferro, derreta-se de vez em quando, quebre-se se for preciso e se reerga maior, melhor, e mais forte ainda.
Mude! Não tenha medo de mudar. Mudar é ótimo... E o maior sinal de liberdade é poder mudar.
Mude de ideia, mude o guarda-roupa, o cabelo, mude o gosto musical, a visão política, mude de casa, de profissão. Deixe de lado tudo que pode te prender de chegar ao ápice.
Alguns ciclos precisam ser fechados para que tempos mais interessantes e produtivos cheguem. Pare de postergar transformações necessárias. 
Seja você mesmo, em uma versão melhorada!

Isso sim, é liberdade.

E agora, escuta isso aqui

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Gabriel - Mais uma futura mente criativa. Meu primo é pai...



Dias calmos demais, dias mansos demais. Dias que não passam... Ou talvez eu esteja com um pequeno probleminha de percepção cronológica. Meu primo é pai. Mais um organismo para desbravar esse mundo e descobrir os tesouros da vida. Mais uma evento grandioso no Cosmos, a vida sendo gerada através de outras “vidas”.
A espécie persistindo em sua sobrevivência. São momentos para se pensar. Quantas emoções e sentimentos são envolvidos em prol desse evento. Pai, mãe, avó, tios, primos. Quantos se sentem emocionados e relembram o momento que um pai segurou no colo esse que agora é pai. A mãe que segurou no colo essa que agora é mãe. A vontade de que aqueles que foram integrar o Universo de uma forma eterna (amiga morte) voltem para compartilhar esse momento. É uma gama gigantesca de memórias e expectativas. Por mais que seja tão comum o “viver” e o “morrer”, esses “seres inevitáveis” ainda causam espanto, admiração, incompreensão, surpresa, emoção, entre milhares de comportamentos emocionais e biológicos. Primos bobos, tios babões, avó cuidadosa, mostrando o quanto sabe sobre “como cuidar um recém-nascido”, pai orgulhoso, etc... 
Eventos lindos, momentos em que o próprio ser encontra (inconscientemente) no palco do Universo o verdadeiro “estar” e objetivo nessa matéria arredondada que chamamos de “terra”. Quanta projeção e projetos já sobrecarregam os pequenos ombros desse novo integrante? 
Quantos desejos e vontades já nasceram no coração dos familiares para que esse “projetinho de gente” seja ou não seja? Eu mesmo, ontem, peguei-me imaginando: 
-Quando ele ficar “maiorzinho” quero que venha me visitar. Imaginei-o pegando o ônibus, descendo na rodoviária e chegando aqui para aproveitar as férias, que nem fazíamos eu e seu pai quando as preocupações eram somente “adquirir novos brinquedos”, e saber quem era o Power Ranger Vermelho. (Risos).
–Gostaria de saber qual faculdade ele vai querer fazer, bem que poderia ser Psicologia como o Padrinho (eu no caso, muito orgulhoso disso). De qualquer forma quero ser atuante em sua escolha e ajudar a disponibilizar o bacharelado a ele.
Estou a 1.200 km, nem pude estar presente naqueles momentos que as pessoas permanecem aguardando a tão esperada notícia:
– Nasceu, está tudo bem com a mãe e o filho.
Mesmo assim peguei-me projetando situações futuras. Na verdade sei o que é isso. É emoção de uma conquista. Emoção pela conquista de meu primo. Emoção em saber que o curso normal da vida é esse, sobreviver e gerar sucessores. Porém precisamos manter a postura e consciência de que cada um existe para “si” mesmo.
Estou alegre primo. E não poderia deixar de registrar esse sentimento de emoção diante do nascimento do Gabriel. Gabriel Gonçalves. Mais um sonhador, mais um organismo que desbravará o mundo, mais um... Mais um... Sem palavras para demostrar a alegria. Parabéns Anderson, parabéns Francieli. Estou aqui para o que precisarem... E Gabriel, seja bem vindo futura mente criativa.
J.Gonçalves, 02 de setembro, B. Camboriú (Saudades constantes da família, desses momentos únicos e indispensáveis)




quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Cada um se contenta com o que entende

Ontem um amigo perguntou:
- Júlio, o que é felicidade e prosperidade para você?
Uma resposta curta, que se resumirá em:
- Ser próspero é ser realmente feliz!
Simples assim! Como é difícil para as pessoas desvincularem a idéia de prosperidade do "ter". Nosso sistema capitalista se infiltra de uma maneira quase "senso-comum". Desde pequenos vemos nossos pais e familiares na incansável busca do "ter", possuir, querer, precisar. Na maioria das vezes, se demora um bom tempo e até mesmo precisa-se perder "alguém" para realmente percebermos que existe algo bem mais importante que o "ter". 
Existe algo incrivelmente puro e de primeira grandeza que move nossa existência e permissão de acesso ao cosmos -
a vida como um todo! 
Um tesouro único e sem nenhum "estabelecer" crítico de medida comparativa (valores monetários).
Existem muitas variáveis subjetivas de "considerar" algo como próspero. 
Cada organismo (Ser humano) compreende dentro de sua individualidade o quanto é prospero. Não há valores maiores ou menores. Todos desenvolvem inatamente (talvez motivadamente também) sua complexidade ou sua simplicidade, sua necessidade ou sua satisfação. Cada um é o nivelador de seu próprio ser e de sua "precisão" dentro do grupo, família, comunidade, instituição etc. Resumindo, cada um se contenta com o que entende!
Se percebe então, que ser próspero é "estar bem" dentro de seu próprio repertório de informações. Estar-bem é altamente conjugado com o "ser feliz". Ser feliz é indispensavelmente o quê?
Vou dar uma pista! Tem haver algo com o que somente você como "ser" tem acesso. Algo haver com introspecção, fonte biológica de informação. Conseguiram? 
Estou falando da mente. Mente tranquila. Mente sã. Mente criativa. Mente sábia. (Perceberam que toda manhã me direciono a vocês com algum adjetivo para a "Mente"? Uma questão de positividade, de condicionar uma lembrança positiva acerca da mesma). Uma mente em paz, faz com que os dias fluam melhores. Fazem nascer aqueles magníficos momentos de "traquilidade íntima". 
O mundo descortina as situações com suas verdadeiras essências e significados. 
A satisfação pelo momento vivido é maior do que possuir o "ter".
Nossas maiores angústias são pelo que nos é desconhecido. Situações novas. Problemas novos. Se aprendermos a manter a sanidade real de nossa mente, de nosso "ser", estaremos tranquilos em nosso trabalho, em nossas relações interpessoais, em nossas relações interpessoais amorosas, em todos aspectos da vida "diária" e a longo prazo.
Prosperidade e felicidade fazem parte do grandioso espetáculo do Universo. Elas dançam juntas no palco do infinito. Um elo conjugado lindo e simples.
Você está feliz com seus projetos, sonhos, família, amores? Com sua vida? Com certeza então, pode considerar-se próspero. Se porventura não estiver, procurem suas chaves para abrir essa porta da prosperidade! Elas estão em seus bolsos.

J.Gonçalves, 29 de agosto de 2013, Itajaí - SC. ( Dias calmos, dias serenos, dias impacientes, dias incômodos. Lindos paradoxos!)

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Enfrentamentos, esquivas, interruptores

Mais uma vez me pego nas imensas crises do saber.
Começo a compreender o que muitas vezes ouvi dos grandes estudiosos:  
A medida que se começa a entender tudo, no final não se sabe nada. 
Estou a muitos milhares de quilômetros de saber alguma coisa. Na verdade creio que isso nunca acontecerá. O paradoxo da existência é incrivelmente sarcástico. 
A "vida" é longa, a "vida" é curta.Isso deixa qualquer um em meio a crises conflitantes.
Somente o fato de querer saber, e entrar nesse mundo de informaçoes, nota-se que não passamos de um átomo de poeira cósmica. Uma simples e magnífica poeira.
Quem dera se tivéssemos a capacidade de termos acesso a tudo aquilo que um dia lemos ou ouvimos. Seria interessante se houvesse algum interruptor desse tipo em nosso organismo. Algum botão de acesso. Sou extremamente ganancioso quando se trata de "saber", "conhecer", "estar informado". 
Leio, estudo, pequiso, converso, discuto, analiso, leio de novo, reviso de novo, procuro saber de novo, e ainda assim não sei nada. Não entendo nada. Me perco. 
Déficit de atenção a níveis elevados??? (Risos). Não. Não é isso. É o fato de sempre ter algo a mais para estudar. Sempre há algo novo que surge assim do nada, prontinho para ser analisado e discutido.
E tirar tempo de onde? Kairo ou Chronus onde vocês estão para a gente bater um papo e talvez entenderem meu dilema?
A estrutura do "saber" sobre algo específico, ou compreender suas variáveis nos deixam com pesos descomunais nos ombros.
A responsabilidade de externalizar de forma correta e segura, ativa intensamente a amígdala (agora esse é o nome de uma estrutura encefálica que decodifica as emoções, estrutura da "garganta" agora passou a ser "tonsila palatina"), produzindo aquele medo que nos deixam em uma encruzilhada - luta ou fuga. Tudo na vida é isso. Luta ou fuga. Temos a opção de realizar um enfrentamento, ou instintivamente deixar-nos transformar em belos maratonistas tendo como base de treinamento a esquiva. Não há jeito. 
A individualidade de cada um dita sua atitude diante dos "problemas" emergentes. Uma esquiva é interessante em certos momentos. Serve como um aprofundamento e análise do problema "não enfrentado", fazendo assim com que possamos nos preparar para uma próxima situação, igual ou similar. Enfrentamentos, esquivas, todas essas "decisões" fazem parte do processo. Para um bom enfrentamento é necessário de uma boa resiliência (tenho uma queda fantástica por essa "companheira").
Choques, problemas, aprendizados, dor, escolhas visando algo maior, entre milhares de situações (abrangentes infinitos poderíamos abordar sobre a resiliência), nos fazem adquirir experiências e nos alavancam a ter um melhor desempenho quando o "problema" surgir novamente. Mas e quando o problema é simplesmente o "saber"? 
A vontade de se "ter" (intelectualmente) mais e saber que para isso há um limite? Uma boa esquiva de pensamentos é a resposta. Deixar a vida percorrer a trilha e permanecer absorvendo o mínimo que podemos. Nos contentar com aquilo que conseguimos aprender e aplicar. Não perder tempo com o "como" e sim com o "o que". O que fazer para melhorar, o que fazer para empurrar esses estressores para longe, o que fazer para conseguir tirar proveito daquilo que se têm, por finito que seja.
Enfrentar, esquivar, quem nunca fez isso?

J.Gonçalves, 26 de agosto (Crises de saber, anseios pelo interruptor de acesso a todas informações ouvidas, lidas e faladas. Ahh se nossa memória pudesse ser um pouco mais ampla).



quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Procurem suas chaves

Preciso de férias. Uns 10 dias já serviriam. Uma semaninha para ver minha irmã, meus tios, amigos. Andar nos campos fronteiriços de minha região natal. Pasto verde sobre os pés. Ouvir a harmonia dos riachos abrindo espaço por entre árvores, pedras e terra. Andar a cavalo. Comer fora do horário. Sair dos padrões consequentes dos afazeres as vezes é bom.
Reanima. Reergue o "ser".
As vezes é bom parar. Parar tudo que se está fazendo e simplesmente fazer tudo não fazendo absolutamente nada. Parar de falar, de pensar, de falar, de ver. Parar tudo.
Criar uma atmosfera metafísica do silêncio. Deitar sobre a sombra de uma árvore qualquer e ouvir o som do universo, ouvir o OM em si mesmo e nos aproximarmos de nosso início/fim como organismos vivos. Deixar esvair-se toda sobrecarga negativa dos dias, horas e minutos atribulados que vivemos boa parte dos 365 dias do ano. 
Parece-me que o "mundo" (os administradores de Gaia) têm andado cada vez mais velozes, mais exagerados, mais demais para tudo. Exageros elevados. Conflitantes. Hiperativos. Doentes.
Como organismos ativos em meio a sociedade, somatizamos todas as vibrações, tanto boas, quanto as más. E o que fazer quando isso começa a afetar seu descanso, sua paz, seu silêncio? Um ótimo método seria esse que citei acima. Uma fuga alegre, uma esquiva que vale a pena.
Porém nem tudo é como queremos ou necessitados. Estamos presos ao ciclo da produção coletiva e individual para tornarmos o mundo "melhor". Piada não é? Todos requerem, sem ceder. Todos pedem sem doar. Todos necessitam sem provar. Todos precisam sem respeitar. Isso não é tornar o mundo melhor. Isso é tornar os homens piores. Isso é construir aos poucos uma prisão ao redor. Ao redor de suas propriedades, ao redor do "si mesmo".  Tornar o mundo melhor é sorrir ao amanhecer. Lembrar que por mais que estejamos tristes ou abatidos existe alguém em uma situação um pouco pior que a sua. É poder fazer uma pessoa sorrir durante seu dia, no mínimo uma pessoa. Com piadas? Com cócegas? Com brincadeiras? Não sei, deixe a criatividade dominar os níveis de serotonina de seu organismo. Tornar o mundo melhor é lembrar de manter interações pessoais sempre ativas. Filas de banco, filas de pagamento, corredores da Universidade, supermercados, bares etc... Todos são contribuidores para o início de uma interação social. Uma vez por dia, só uma... 
É amar agora, é ter amado ontem, é amar amanhã de novo. Amar pessoas diferentes? 
Sim, por quê não? Precisamos perder esse "dom" que o ser humano adquiriu de achar que o amor é prisioneiro, que as paixões são uma condenação da libído. Precisamos parar de entramos na prisão. Se por acaso entrarmos por algum motivo ou outro, devemos lembrar que a chave está no bolso. Ou da camisa, ou da calça, não sei, mas que ela está com você, ahh sim, ela está sim.
A chave de todos os problemas está com você. Tudo está em você. O universo é você. A frase que falarei agora já foi abordada em outro texto, e volto a repetir:
Você decide se seu mundo pode ser melhor ou não. 

Preciso da minha alegria, do meu companheiro silêncio por alguns dias. Entrar em harmonia com o ritmo da orquestra que pulsa dentro do ser biológico. Decididamente preciso de férias. Preciso procurar nos bolsos e achar a chave para sair dessa prisão de normóticos
Entrar em algum riacho e deixar que sejam levados esses fluídos de normose que absorvemos dia após dia. 
Todos precisamos bater um papo com o Self de vez em quando. Procurem suas chaves. 
Procurem pois tenho certeza que estão em algum dos seus bolsos.

J.Gonçalves, 22 de agosto de 2013. (Três semanas de aula que parecem um ano. Preciso de meu silêncio. Preciso dos barulhos orquestrais de minha mente)

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Jabes e os tomates


Era uma vez, ou melhor, ainda é, pois a personagem da história ainda existe, uma menina chamada Jabes. Ela tinha seis anos e morava com seu pai, já que sua mãe tinha desistido da família e ido embora. Jabes estava com vontade de comer tomate, então como qualquer criança, pediu ao seu pai. O pai entristeceu-se, pois não tinha dinheiro para satisfazer o simples desejo de sua filha. Sábio e carinhoso, disse-lhe:
- Não tem! Mas pede para Deus que Ele vai trazer tomate pra você.
Jabes questionou: - E Deus pode me dar tomate, pai?
- Claro que pode! Ele é o dono de todos os tomates do mundo.
Como sabemos, crianças nesta idade visualizam tudo no concreto, ainda não possuem capacidade de abstração. Os olhinhos da pequena brilharam e seu queixo caiu, enquanto imaginava Deus passeando por entre suas gigantescas plantações de tomate, viu também seus celeiros lotados de bolinhas vermelhas e isso fez com que Jabes corresse ao quarto, em uma atitude de fé ajoelhou-se na cama, juntou as mãozinhas e pediu para Deus uns de seus inúmeros tomates.
Correu de volta ao pai e começou a incomodar-lhe perguntando quando Deus a presentaria com o que tanto queria naquele momento. O pai docemente respondeu que esperasse, pois logo logo seu pedido seria atendido. A garotinha ficou na porta, olhando para o céu e se perguntando se uma cegonha traria os tomates como traz os bebês, ou se eles cairiam do céu, ou se apareceriam de repente como mágica...
Ali ficou, com o coração ansioso e com suas imaginações. (Como crianças são encantadoras, fico tentando enxergar seu rostinho aminado e o frio na barriga que deveria estar sentindo durante a espera...)Passaram-se alguns minutos, e ao longe Jabes avistou um homem caminhando. Sua expectativa era de que fosse Deus trazendo seus tomates. Frustou-se ao perceber que era apenas seu tio, que todos os dias levava dois baldes de água tirados da bica para a família. Quase desanimou, mas conforme o tio se aproxima, seu rosto se ilumina, borboletas dançam eu seu estômago, e Jabes frenética começa a pular sem conter a alegria que a invade. O tio fala da porta:
- Hoje não veio água, trouxe uns tomates para você!
-Vou chamar o papai.
- Não Jabes, é pra você.


Não preciso continuar contando, nem colocar a moral da história aqui. Posso falar que a simplicidade de um coração de criança faz com que Deus dê um jeitinho de prover tomates, ou qualquer outra coisa que possamos querer. Céticos falarão que tudo não passou de uma mera coincidência, outros rirão e talvez lembrem de Jabes na hora do almoço, ou quando passarem no supermercado. Contudo, alguém, mesmo uma única pessoa, irá sorrir e deixar uma lágrima escorrer lembrando-se do Deus no qual colocava sua fé durante a infância.
Sou suspeita para falar, pois tenho um relacionamento intenso com o Deus dos tomates, que pra mim foi também dos celulares, do notebook, das roupas, das viagens, das curas, das realizações, das conquistas, da felicidade, das transformações, da paz, do amor, da cruz...
Que é uma fonte inesgotável de tudo que há de melhor dentro de mim e que me transborda de sua essência sobrenatural diariamente.

No livro que deu origem a esse blog, meu amigo Júlio colocou uma frase que pode descrever com precisão minha posição hoje, "um pouco de ciência, um pouco de fé e doses exageradas de amor".
Esta é a fórmula para uma vida dar certo, esta fórmula resulta em equilíbrio.
Há tanto nesse mundo que jamais passará pela sua retina, há conhecimentos profundos que nossa pequena e limitada mente jamais conseguirá absorver, há problemas tão grandes que poderiam nos destruir. É muito de tudo pra todos os lados. Só somos realmente fortes para tudo isso quando estamos escondidos nAquele que É maior que nós.
Fé não tem muito a ver com religiões inventadas e regras sufocantes. Deixemos de lado as cercas e os muros que estão ao redor de muitos, e sigamos O Caminho. É mais leve, mais prazeroso e mais satisfatório.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Liberdade, que de livre não têm nada

Os dias têm sido curtos, as noites menores ainda (tanto que logo pela manhã, a primeira pergunta é se eu estava na farra na noite anterior. - Não gente, claro que não. Sou acadêmico de Psico, a vida é essa, cara inchada sempre).
E isso, com plena certeza, é um influenciador para que a melancólica companheira solidão, assente-se ao meu lado nas calçadas da trajetória. 
Pior ainda é ver esse blog abandonado. Dói no coração. Estamos na labuta, eu e a Anny, tentando transferir nossas idéias, projetos, aprendizados sempre que possível, para cá. Nesse nosso cantinho de refúgio intelectual e filosófico. 
Vamos ao que interessa, um pouquinho do que têm sido meus dias e as novas sinapses que foram incentivadas a acontecer. As aulas têm sido maravilhosas (tirando uma ou outra situação), novos conceitos, novas abordagens, informações transformadoras, realidades antes inacessíveis, agora companheiras de percurso.
Algo que algum tempo vinha sido como um ponto de interrogação, tornou-se reticências. Reticências pelo fato de eu ter vislumbrado somente uma fraca luz em um túnel infinito. 
Falaremos sobre o livre-arbítrio. 
Um assunto que ainda permanece com milhares de raízes e conceitos. Há aqueles que acreditam que seu destino está escrito nas estrelas, outros que crêem em deuses, outros em condicionamentos socias e os mais variados mitos e crenças. Bom, não quero que entendam como o "certo" ou "real" meu ponto de vista. É uma questão de subjetividade e até mesmo um pouco de falta do espírito crítico.
Um fato inicial acerca do livre-arbítrio seria que, somente temos a liberdade de fazer aquilo que nosso organismo, nossa natureza, assim o permite. 
Algo como: -Quero voar sobre a cidade.
Isso não será possível pelo fato de nossa natureza biológica não ter as condições necessárias. Por mais que tenhamos o chamado livre-arbítrio para fazê-lo, não podemos.
Partamos então para um princípio básico da "liberdade". Um homem livre seria "aquele" que agiria segundo sua vontade, idéias e propósitos, realizando suas escolhas de acordo com que considera melhor. Para que isto aconteça seria preciso estar livres dos obstáculos, logo, ser livre é estar longe dos empecilhos que o prejudicam de exercer a liberdade. Já temos então, um conceito que normalmente ninguém percebe. 
Liberdade esta intimamente relacionado a fuga ou esquiva dos estímulos que andam conosco todos dias. Cheguei a uma prévia conclusão de que não fazemos o que realmente queremos, e sim executamos o que precisa ser feito para escapar da punição dos obstáculos que nos impedem de chegar a tal "liberdade". Seria nada mais do que um aspecto do condicionamento operante, o chamado, reforço negativo (manter ausente as consequências punitivas).  
Ou seja, ainda estamos sob controle. Controle ambiental, controle social (este totalmente intensificado), controle cultural, entre outros. 
Liberdade é somente um reforço positivo. Repetição de estímulos que "conduzem" ao bem estar pessoal. 
Vivemos presos em nossas próprias escolhas e pré-definições acerca da vida e mundo, presos em nossa cultura, presos socialmente, presos em nós mesmos. 
O fato de estar aqui, sentado em minha mesa, lendo e escrevendo, é consequência de minha própria escolha de gostar escrever e ler. Essa escolha foi gerada através de uma estímulo familiar e comportamental, que nasceu também de outro estímulo, e outro, e outro... 
Sendo portanto, o controlador e a projeção de tudo o que sou. 
Logo, isso também serve para as respostas que serão produzidas através desse estímulo de estar escrevendo. Escreverei, lerei novamente, farei correção, divulgarei, vocês leram, isso gerará algum estímulo, e outro, e outro... 
Já existem reportagens que sustentam a informação de que neurocientistas descobriram, através de mapeamentos, a existência de atividade cerebral antes mesmo de se ter uma consciência de escolha. Para quem tiver curiosidade sobre isso clique aqui. Não abordo nada a respeito disso pelo fato de ter sido lançado por uma revista, portanto pode ter sido sujeito a adaptação para venda ou propaganda, não sei.
Confesso que fiquei triste com essa suposta descoberta, mesmo que ela tenha me acompanhado desde o começo de minha existência. Tudo bem, aceito o fato de não poder fazer muitas coisas que gostaria, porém chegar a essa compreensão e condição que meus próprios estímulos me impõem, deixaram-me surpresos. Sei que minhas escolhas geram uma resposta, porém não imaginava que fosse em proporções tão agigantadas e totalizadas. 
Isso gerou tantos conflitos internos acerca de outro tipo de "livre arbítrio" - o religioso. Minhas definições e aprendizados até o momento sobre a liberdade no aspecto religioso caíram por terra. Espero que futuramente, possa abordar novamente, porém com mais informaçõe e clareza do que seria livre-arbitrio para a religião. 
A vida é assim. Esvaziar-se para encher-se novamente. Re-construir, re-começar, re-criar, re-definir etc... 
Essa é a caminhada da ciência, da fé, e do amor.
Estou feliz! Vida tranquila, intensa, positiva... 
Enfim, vivendo conforme meus próprios estímulos do passado conduziram a resposta presente.
Sistema límbico sempre ativo. Saudades, paixões, amores, alegrias,tristezas, espantos. 
Vida!! Vivendo o presente mais belo que nosso Criador pode nos dar, a Vida dEle mesmo!!
Um beijo Mentes Criativas!!

J.Gonçalves, 16 de agosto de 2013. (Behaviorismos, Antropologias, Neurotransmissores, solidões produtivas nas calçadas da rua, bancos de parques, areias da praia, meu quarto, meus livros, meus sonhos).

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Torres de Marfim

Esse blog anda meio abandonado, pois a agitação constante nos envolve em meio a trabalho, estudos, estágios, ministério e uma tentativa um tanto que frustada de vida social.
Estamos em etapa de construção, então é preciso em alguns momentos renunciar certos compromissos em prol de outros. Só não podemos perder o foco, e nos deixar distrair pelas muitas vozes que soam ao redor.
Os desafios vêm, e nós vamos "dando nossos pulos", para atravessá-los com graça e ousadia.
No meio dessa sociedade conturbada, onde a visão utópica de uma revolução total nos persegue em sonhos e devaneios, descobri em uma aula magnífica com uma professora genial e desastrada - que lembra a minha pessoa no futuro - sobre a tal revolução molecular. Esta, vem da ideia de mudar o mundo, contudo diz que se mudarmos nós mesmos, depois nossa casa, estaremos contribuindo para tal.
Então dou um jeito de ter tempo para o que amo. Paro tudo! Em um momento que deveria estar fazendo tantas outras coisas mais urgentes... só para relembrar alguns princípios, que diariamente que esvaem no meio do caos da selva de pedra.
Paremos de nos importar com o sistemas e com nossas revoltas sobre o que há de errado exteriormente, longe de nosso alcance.
E venhamos desbravar o mundo de nosso inconsciente, as mazelas de nossa alma há tanto o que descobrir, elaborar, transformar... E você aí sentado na frente da tela sendo bombardeado pela institucionalização do poder, do saber, do consumo.
Acorde! Saia de sua torre de marfim e viva seu discurso com garra e simplicidade. Não deixe os experts te convencerem de que sua sabedoria de nada vale. Volte as raízes, reviva a essência. Quem é você de verdade? Quando ninguém está vendo...
Perca-se e encontre-se, só não deixe de ser essa criatura preciosa que você sempre foi. As coisas que você vê são passageiras, em pouco tempo tudo desaparece. Resta apenas o que você não vê. Então dê mais valor ao que é invisível aos olhos e desista do vaguear da cobiça.
Respira fundo e recupere suas forças lute contra o turbilhão que cai sobre você, e não desista de nadar, pois mesmo que você acabe morrendo na praia, a melhor parte está do lado de lá, do outro lado da vida.
Dê um sorriso, ou dois, e vá correndo conquistar tudo que há pra você, só não esqueça que o TUDO daqui é nada perto do que tem Lá. Não perca seu lugar no Lá, no Lar, na casa feita de outro que está reservada aos que pensaram mais no Lá do que no aqui.
Há tanto para se viver, mas depois que você morrer, toda essa correria só vai ter valido a pena, se você tiver corrido para o lugar devido.
Corra, voe, bem alto... Mas no caminho certo. É no silêncio que você escuta Àquele que te dá os conselhos certos.
Corra, viva, conquiste, surpreenda, invente e reinvente-se, só não perca a sensibilidade ao Amor e a humildade de voltar atras em suas escolhas mal feitas.


sábado, 3 de agosto de 2013

Fazendo Rapadura

Não, não vou ensinar uma receita de doce. Vou ensinar uma receita de vida!
Em uma tarde cinzenta, de um inferno frio, no sul do sul da América do Sul, a vida é calma e tranquila em alguns dias como este. Família reunida em volta da lareira e uma simples vontade de comer doce, foram o cenário perfeito para desbravar mais um pouco desse mundo apaixonante que é nosso e não percebemos, pois tempos medo dele.
Coloquei açúcar demais na panela, mesmo minha mãe falando pra não fazer isso. Eis a grande falha! Não escutar quem sabe mais do que nós, seja por distração ou por desobediência pura. Aprenda a ouvir os outros, para evitar perder tempo, para evitar ter mais trabalho do que o necessário, para evitar se machucar em vão - só por teimosia.
Eu fiquei lá mexendo naquela panela por longos minutos e nada... mais um pouco e nada... nada...
- Ô mãe, acho que fiz algo errado!
Enquanto fui chamar para ver o que tinha feito (como se não soubesse), segundo desastre. Não sei explicar o que foi, mas estava tudo tão duro e grudado na panela que estava mais pra cimento do que para rapadura. 
Enfim, vou seguir as instruções. Tirei um pouco do açúcar, coloquei mais água. Ainda estava estranho... começou a derreter. Agora é hora do amendoim. Mexendo mais um pouco. Começou a melhorar. Mexer mais. Logo aquela coisa estranha, ficou bonita, uniforme, com cheirinho bom...
E enquanto esse processo tão simples ocorria, minha mente voava e filosofava sobre tentativa-erro.
Alguns cientistas afirmam que aprendemos por insigth, outros dizem que é por experiência, tantas outras teorias que nem vou citar... 
Sempre preferi aprender por insigth, parece mais inteligente, do tipo: "sou geneticamente programada para ser uma pessoa esperta", confesso que em muitas situações fui assim.
Contudo, ultimamente, tenho vivido o "processo rapadura" com frequência. Erros e mais erros, muito açúcar, pouca água, fogo alto, fogo baixo, queimo a mão, canso o braço e continuo tentando e tentado de novo. 
Para alguém que sempre viu o erro com toneladas de preconceito, é bastante torturante ter que descer do palco de orgulho e vaidade para humildemente aprender com os erros e com suas consequências.
Porém ver a receita dando certo hoje, me fez pensar no quanto é valioso o processo todo. É, esse processo de transformação ao qual vivo tentando me sujeitar. Já desisti de mudar o mundo, mas não quero desistir de me mudar. Só fui me dar conta disso, depois de inúmeras vezes fracassar e sofrer pelos fracassos. Agora, percebo que assim como uma receita que não dá certo e me obriga a refazê-la, cada novo amanhecer é uma tentativa de receita. Em um dia refazendo a que errou, no outro tentando uma nova.
Sempre fui pressionada com a ideia de que repetir o mesmo erro é burrice. A pouco aprendi que as nossas maiores transformações acontecem nas guerras que tivemos que lutar mais de uma vez.
Procuro erros novos e vejo que eles são ainda mais dolorosos do que repetir os antigos.
E assim segue o processo de me transformar em quem eu sou. De descobrir quem eu sou, e ser de proposito...
E sobre a receita de vida? Sugiro ouvir melhor aos que sabem mais e ter humildade para se permitir aprender com aqueles que não são tão inteligentes como você. Há tesouros preciosos nas pessoas simples. E ainda mais nas mães... 

terça-feira, 30 de julho de 2013

Tornei-me homem no momento em que senti-me um menino

Tornei-me homem no exato momento em que me senti um menino. 
Nesse instante. 
Nessa noite de um céu azul escuro manchado pelo cinza das nuvens. 
Brisa fria. Vento acariciando meu rosto. Tornei-me finalmente homem. 
Não é agradável crescer. Não é nada vitorioso sentir o peso da responsabilidade em saber que seus pés já trilham sozinhos, sem o profundo aconchego de alguém o segurando pelos braços ensinando-o a andar. Mas é preciso. 
Assim como um dia todos estarão face a face com a consolável “morte”, todos também estarão um dia face a face com a sarcástica ”vida”. Senti-me completamente sozinho quando encontrei os braços abertos da “vida”. Somente alguns segundos atrás. 
Sendo que a mesma já acompanhava-me silenciosamente e medrosa demais para se revelar. 
Porém algo me diz que estarei ”acompanhado” quando encontrar a (temida pela maioria) morte. E será de uma maneira direta, sem “esconderijos”. Não condiz com sua personalidade esconder-se. 
Fulgurante, instigante e totalmente contrastante não acham? O que parece ser não é. 
A morte parece ser a última a querer ser vista por todos, porém ela é a única que não irá lhe virar as costas ou demorará a aparecer. A vida foi completamente sarcástica comigo. Perdi uma das maiores alegrias de meu ser. Uma das maiores razões de não sentir-me sozinho. Porém ela tirou-me. A vida tirou-me. 
E quem estava lá para me consolar? A morte. A mesma que tira a paz dos que ficam é a mesma que dá descanso aos que ceifa. 
Vou confessar algo que poucos o sabem. 
Procurei-a e quase a encontrei com meus seis anos de idade. A busquei sem saber. Tentei encontrá-la instigado por uma vontade de companhia. Porém ela nem quis se mostrar, simplesmente acotovelou a “vida” e pediu para alertar alguém cortar a corda. 
Um outro encontro foi aos 18 anos. Esse foi um encontro um tanto diferente do primeiro. 
E creio que até algumas palavras foram trocadas em algum lugar e linguagem fora do estado chronus. Ela sussurrou baixinho. Inaudível, incompreensível ao encontrar o lobo temporal e irreconhecível para a área de Wernick.

–Não puxe esse gatilho. Não posso te abraçar agora. Nosso encontro não pode ser aqui em meio a essas árvores, em meio a essa escuridão. Nosso encontro acontecerá, mas será de uma forma mais poética. Mais condizente com a maneira que você irá tratar a vida. Trate-a bem e seu encontro comigo será bom. Somos irmãs. Cuide dela e o recompensarei.
Hoje posso compreender. Não sei qual foi o lugar que desloquei-me nesses poucos segundos de “instantes”. Porém compreendi, traduzi a linguagem na qual a “morte” bafejou suas palavras aos meus ouvidos. Entendi o segredo. 
Para merecer um encontro digno com a consolável "morte", precisarei ter um bom relacionamento com sua sarcástica irmã , a "vida". 

Incrível. Inacreditável. Impressionante. 
O equilíbrio é visível. O trabalho de ”tudo” e “todos” nesse universo é perfeito, incompreensível e infinitamente livre de parecer com o que se apresenta. 
E mais delicioso ainda, é perceber essas doses intensas de mistério. 
Parecem ter o gosto de céu, de sol, de mar. Um gosto bom. Um gosto de “sabedoria”. 
Ah, se todos pudessem sentir essa sensação de prazer na qual sinto meu ser biológico intensificar. Se todos pudessem sentir seus “estados psíquicos” adentrar os portões do reino metafísico. Seria tão profundo poder trocar ou compartilhar essas experiências. 
Esses despertares através de fazeres tão simples.

Uma simples leitura de um livro chamado A menina que roubava livros deixou-me assim. Liesel Meminger, a roubadora de livros, a sacudidora de palavras, Rudy Steiner, o Jesse Owens, cabelo da cor de limões, Hans Hubermann, o acordeonista, olhos feitos de prata e bondade, Rosa Hubermann, a mulher dona das palavras “saumensch”, “saurkel” e todos seus derivados, porém dona de um coração incontestável, Max Vandenbrug, o lutador judeu, o homem de gravetos no cabelo, e assim por diante. Ficaria um bom tempo, tomando seu tempo se pudesse citar todos belíssimos e inspiradores personagens. Leiam. 
Aconselho ler e se descobrirem realmente homens e mulheres. Ou talvez não...

Talvez...
Talvez a “vida” e “morte” deram essa oportunidade a alguns poucos ao qual me incluo.

Não é um comentário prepotente ok? 
Ao contrário. 
É reconhecendo de que coisas simples e desprezadas por muitos servem para mim. Contento-me com o pouco e o simples. Nada de complexidades. Admiro quem precisa dessas complexidades para chegar a conclusões. 
Porém, infelizmente ou felizmente não preciso. Espero que tenha sido claro e ao mesmo tempo não tenha assustado ninguém de minhas relações interpessoais fraternas, com essas declarações um tanto incomuns.

Termino com uma frase maravilhosa de nossa consolável e futura amante “morte”:  

Os seres humanos me assombram.

J.Gonçalves, 30 de Julho de 2013, (Descobri-me homem ao sentir-me menino)

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Aprendendo a ser "Humano" - Normose

Não recordo-me em que momento de minha vida aprendi a ser "humano". Sobreveio essa dúvida quando a momentos atrás lia sobre analfabetos emocionais, ignorantes de alma, etc...
Vocês percebem o quanto distantes nos encontramos de sabermos que temos uma "alma"? É um assunto que precisa de pesquisas, porém vamos discutí-lo um pouco, de uma maneira rasa e simples.
Vivemos envolvidos por fobias, medos, crises internas, busca desenfreada por "algo", ansiedades em proporções patológicas intensas, sensações de pânico, entre outras milhares de perturbações pessoais. Perturbações geradas pela "Sociedade Normótica". Essa frase de Jiddu Krishnamurti traduz de uma forma simples e profundo e real significado do que quero dizer.

“Ser ajustado a uma sociedade profundamente doente não é sinal de saúde”.

"Não seja um normótico", uma grande amiga usou essas palavras para definir o quanto somos inseridos em um mundo que nem sequer conhecemos. É silenciosa como uma serpente, uma patologia inebriante e envolvente, gerando hipnoses coletivas a níveis astronômicos, inserindo-se no seu inconsciente desde cedo, desde sua tenra idade. Uma verdadeira fonte de sofrimentos e de tragédias.
Assustador não acham? Bom, isso é a chamada "normose".
Eu sou normótico! Vocês são normóticos! Todos somos!
Você não sabia disso não é? Não se conhece o suficiente para saber isso?
Bom, eu também "não conhecia". Normose é aquele rígido conjunto de normas, conceitos, "valores",  maneiras de agir, padrões pré-estabelecidos ou aprovados por um consenso ou pela maioria inserida na sociedade. Muitas vezes não importando-se com as condições psíquicas e subjetivas das pessoas.
Na verdade isso não passa de condenações aleatórias, sendo que seus autores não fazem a idéia daquilo que fazem, já que é quase, se não em um todo, a chamada coletividade inconsciente.
É um assunto vastíssimo e que com certeza irá gerar muitas novas sinapses na mente de quem aceitar ter a paciência de entender sua profundidade.

Conforme comentei no início do texto, o que quero dizer com "aprender a ser "humano" é justamente no sentido de que não existe, em lugar algum, e em nenhuma de nossas instituições sociais (igrejas, escolas, creches, Universidades, etc...) uma "abordagem" específica para desenvolvermos nossa psiquê.
Há uma necessidade "titanizada" de um desenvolvimento emocional em nossas crianças, justamente para que elas não se tornem o que nos tornamos, ou que não sintam a dificuldade de mudar como nós sentimos ao descobrir a "verdade" acerca do mundo e das simplicidades vida.
Nossas crianças e jovens precisam aprender sobre seus sentimentos, emoções, relacionamentos, exercitar suas sensibilidades emocionais.
Infelizmente, nossa educação se resume em fazê-los engolir uma série de informações e ensinos que são "testados" através de exames do estilo "decoreba".
E isso tudo faz o quê? Faz com que sejamos o que somos - protótipos (padrões).
Quarta-feira passada estive envolvido com duas mentes sábias em um assunto que durou mais ou menos 4 horas. Em certo momento uma delas falou: - Você é um milagre, uma explosão de vida única. Quando você nasceu foi um momento único no mundo, e quando você "morrer" também. 
Todos são milagres, todos são únicos!!
Falta aprendermos que nossas crianças são únicas, que essa comparação prejudica suas subjetividades, impondo-as a viverem conforme ditam as "regras", mais alguns "seres" sendo criado em laboratórios.
É hora de nos conscientizarmos e aprendermos a ser "humanos".
É um assunto tão intenso e ao mesmo tempo confuso. Seriam gastos boas horas de conversas e discussões para podermos chegar a um consenso positivo, para que alguns aceitem essa "nova tese".
Maluquice? Talvez, porém é uma maluquisse saudável e com preceitos bons.
Precisamos re-aprender sobre como viver corretamente.
Quando você estiver se sentindo totalmente infeliz e insatisfeito com o mundo, olhe para "dentro de si", a causa está ali. Quando você estiver nas nuvens, em um estado metafísico de alegria e prazer, olhe para "dentro de si", a causa também está ali.
O "ser" é o mesmo, tanto para as positividades e as negatividades.

Percebem o quando dualistas somos? O quanto confusos somos? Isso por quê somos "normóticos".
E até quando aceitaremos isso?
Encerro com uma frase, deixando para todos uma fagulha de esperança na mente e no coração:

"Se todas suas escolhas não tem dado certo, dê espaço para que a metanóia aconteça, quem deseja melhorar, aceita sempre mudar."

J. Gonçalves, 19 de Julho de 2013, B. Camboriú.